TRONCO DO CIPÓ DA FRUTA
INVISíVEL DESCOBERTA RECENTEMENTE (Leia o relatório para saber de
quê espécie se trata) |
CONHEÇA AS NOVAS DESCOBERTAS DE
FRUTAS NATIVAS ENCONTRADAS NAS ESPEDIÇÕES REALIZADAS ABRANGENDO O PERIODO DE
JANEIRO A SETEMBRO DE 2.010. |
Leia a primeira
coluna, depois a segunda coluna |
Nesse
relatório será um prazer relatar a descoberta da “fruta invisível”, o qual
recebe esse titulo pelo fato de que a nossa busca já se estende por 2 anos, contando
a partir de maio de 2.009 quando o amigo Bastiãozinho mineiro veio fazer uma
empreita de covas para um novo pomar no Sitio Frutas Raras. Bastiãozinho
contou que viu no ribeirão do bairro Barreiro uma fruta tamanha de grande,
fruto maior do que uma paineira em uma certa arvore na beira do ribeirão, que
pedi para ele nos levar até lá. Fomos até o local e nada encontramos, a fruta
provavelmente caiu ou algum bicho comeu. Mais importante seria localizar a
arvore que segundo o Bastiaozinho era uma bitela (muito grande). A tal arvore
grande não pode dar um fruto conforme descrito, pois tratava-se de uma
Ximbuva ou Tamboril (Enterolobium ssp). O mistério permeava nossos
pensamentos e a curiosidade fazia bater forte nossos corações! Será que o
relato do Bastiaozinho era verdade? Depois de
visitar a Área diversas vezes durante o período de Junho a Setembro de 2.009,
encontramos outras arvores próximas que poderiam ser aquela produtora de
frutos e varias suposições surgiram. Encontramos uma arvore que pensamos ser
uma Couepia mais que depois pude identificar como uma Laurácea a qual
não chegamos a identificar o gênero e a espécie por ser um grupo bastante
complexo. O verão passou rápido e nesse período deixamos de visitar a área
por formar muito barro nessa área de várzea, mais no mês de janeiro de 2.010,
voltamos ao distrito do Rechã, SP e reencontramos com o amigo Joaquim e nessa
ocasião fomos visitar uma área de mata de galeria onde o solo é pura areia
branca. Nesse local existem muitas pacas e esses animais se alimentam de
varias espécies de frutos e no trio ou caminho das pacas encontramos mudas de
um Araticum que possivelmente seja uma nova espécie do gênero Fusaea ou
simplesmente uma variedade regional de Fusaea longifólia. Não
encontramos os frutos que segundo o Joaquim, dá grudados nos ramos mais
grossos e o fruto é esverdeado mesmo quando maduro. Veja foto com detalhes
das folhas abaixo: |
O tempo passa rápido e em meados de maio,
voltamos a procurar a fruta invisível. Dessa vez fizemos todo o percurso do
ribeirão a pé até o local onde se localizava o pé. No caminho encontramos
frutos de um guaraná triangular (Paullinia
pinnata) cujos frutos são vermelhos com forma triangular e quando maduro
se abre em três partes expondo uma semente grande com a base recoberta por
arilo branco meio farináceo. Andando um pouco mais encontramos uma
guabirobeira bem diferente com folhas grandes, flores enormes e tronco
bastante canelado, características essas que permitiram identificá-la como
Guabiroba roxa (Campomanesia dichotoma).
Marcamos bem o lugar para voltarmos na época de frutificação que ocorre em
novembro a fevereiro. Veja foto da flor e folhas: Quando chegamos perto do
lugar ficamos meio perdidos, mais logo vimos um fruto grande pendurado numa
arvore a poucos metros da localidade destinada. Pensamos que esse fruto que
avistamos era o fruto que o Bastiaozinho tinha descrito, mais ao chegar mais perto
verificamos que o fruto era uma espécie de ingá
preto e peludo, desconhecido. Por fim chegamos a conclusão que essa era
outra espécie descoberta sem querer. Então chegamos na arvore da ximbuva
relatada no começo e começamos a olhar o chão, a copa das arvores e nada de
fruto. Quando íamos embora demos mais uma olhada e bem no chão próximo ao
tronco da ximbuva, havia uma semente arredondada e chata germinando (veja
foto abaixo). Como havia uma folhinha, resolvi fotografar as folhas do cipó
que estava a uns |
No mês de
Fevereiro de 2.010 fizemos mais 2 expedições, uma com o parceiro Leandro Lira
Massoni, Engenheiro agrônomo e colecionador de Orquídeas. Visitamos um
remanescente florestal no Bairro da Serrinha, município de Paranapanema, essa
floresta tem inúmeras arvores raras como a Fruta de peixe (Guapira hisurta)
também comestível, mais não disponível na época e o Cajambo (Guarea
kunthiana) cuja arvore dá frutos grandes, bonitos mais não são
comestíveis. Nesse remanescente também se pode encontrar diversas arvores
enormes como copaíbas e Figueiras, a qual tem raízes tão longas que
estende-se por toda área da floresta por mais de |
Mais a semente germinada (é com certeza
uma Bignoniaceae não identificada até agora) de fato não era daquele fruto invisível,
pois após ser plantado no viveiro do Sitio Frutas Raras, as folhas que
brotaram se mostraram bem diferentes das folhas fotografadas. As folhas
fotografadas tinham 3 nervuras características o que sem duvida nos levou a
identificar a espécie como sendo do gênero Strychnus. Também armamos uma rede
embaixo, mais infelizmente os 4 frutos localizados não caíram. Em um outro
dia que voltamos para ver se os frutos tinham caído, vimos um enorme quati na
arvore, quando ele nos viu, se escondeu na ramada. Daí nomeamos a planta como
“Fruta do Quati” e não foi dessa vez que
pusemos mãos nos frutos. Mas, felizmente encontramos algumas mudas nas
proximidades que foram levadas para o Sitio frutas raras e atualmente desenvolvem-se
bem, o que ajudou muito na identificação.
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Em março de 2.010 encontramos uma outra
espécie de Araticum nos remanescentes florestais do município de Angatuba –
SP. Segundo meu auxiliar Ilson, é uma espécie de Araticum amarelo graúdo
também chamado de pindauva, o qual ele havia comido quando criança, época em
que a maioria das florestas da região ainda estava de pé. Infelizmente não
encontramos frutos, mais somente o pé que estava na beira da estrada onde já
havia sido cortado por maquinas que consertam a estrada. Com isso resolvemos
transplantá-la para o Sitio Frutas Raras, onde está prosperando muito
bem. Veja foto das folhas: Depois de alguns meses de estudo ainda
tenho duvida com respeito a identificação visto que não obtive acesso a
material com flores ou frutos.
Provavelmente seja a Rollinia
laurifólia que tem o atual nome aceito na nomenclatura de Annona neolaurifolia perfazendo 8 espécies de Rollinias ocorrentes no estado de SP,
agora aceitas e tratadas como Annonas.
Os nomes das 8 espécies eram: R. emarginata, R. sylvatica, R. dolabripetala,
R. xilopiifolia, R. salicifolia, R. laurifólia, R. sericia e R. ubatubensis.
A tempo acrescento ainda no assunto das annonaceas que encontrei a Annona ubatubensis (antigamente Rollinia) na cidade de Itararé – SP onde
provavelmente foi cultivada por algum morador antigo. Os frutos são
alongados, grandes e tem polpa amarelada segundo o morador relatou. Veja foto
das folhas e sementes que consegui: Voltando ao relato das expedições do mês
de Abril de 2.010, escrevo com viva euforia que o Ilson encontrou a famosa
amora de cipó na vazante do Rio Guarei no Bairro Guareí Velho, município de
Angatuba – SP. A cerca de 4 anos atrás eu já tinha ouvido um senhor me contar
que existia um tipo de amora de cipó que dava um fruto arredondado como o da Taiuva, porém de cor avermelhada que ele já
havia encontrado em um outro bairro rio acima. O Ilson encontrou 2 mudas
dessa amora de cipó com folhas bem diferentes no limite da vazante da cheia
do rio Guarei, com isso chegamos a conclusão de que as sementes vieram
flutuando na água e germinaram logo após as águas baixarem. Provavelmente
seja uma rara e nova espécie. Ainda estou na duvida da sua identidade a
titulo de gênero podendo ser uma nova espécie de Morus da família das
Moraceae ou uma nova espécie de Broussonetia da família das Urticaceae. A
espécie está Sendo cultivada no Sitio Frutas Raras, mais ainda não produziu
flores ou frutos para auxiliar na identificação. Veja foto das lindas formas
de suas folhas: No Final de Abril, chegou no Sitio Frutas
Raras um senhor amante da natureza e das frutas a procura de mudas de frutas
raras para o pomar que havia começado a montar em sua propriedade
recentemente adquirida no Bairro do Faxinal |
Esperamos que agora no próximo ano de
2.011 tenhamos mais sorte em conseguir coletar tal magnífica fruta do quati,
isto é se o seu dono nos permitir colher seus frutos. Para a próxima safra de
frutos estamos pensando em contratar algum perito em escalada de arvores para
coletar o fruto e amostras das flores e folhas. --------
--------- Muitas espécies raras estão protegidas nos
locais chamados de grotão, locais esses de alta declividade ou no encontro de
morros. Foi num lugar assim que passamos para dar uma espiadela. A vegetação
é densa, o solo sempre úmido é muito escorregadio, mais foi num lugar assim
que encontramos a rara orquídea palmeira (Corymbochis
flava) que estamos cultivando no Sitio Frutas Raras e a foto está abaixo: As descobertas em
fruteiras não param por aí. No relatório anterior das expedições realizadas
no ultimo semestre de 2.009, relatei que sobre a
descoberta da Taiuva Açu (Maclura brasiliensis) e no meio do caminho
encontramos um cipó parecido com o salta Martim (Strychnus brasiliensis) e o gurrupiá (Celtis iguanea) e a principio achei que se tratava de uma espécie
de Ziziphus. Mais agora no inicio de setembro, voltamos até o local de
difícil acesso e encontramos moitas maiores no sub-bosque. Apesar da seca a
planta estava rebrotando e as folhas novas tem tricomas (pelos em forma de T)
característicos da família das Malpighiaceae. Com essa nova informação
deduzimos que a planta se assemelhava muito com uma acerola, mais
precisávamos encontrar flores e frutos. Caminhamos mais um pouco e achamos
uma outra planta com frutos secos. Quando seco o fruto mostra ser uma núcula
triangular com 3 sementes planas no interior. Em fevereiro de 2.011 voltamos
ao local e pudemos fotografar flores e frutos que tem gosto de geléia de
amora. Com essas informações adicionais descobrimos o nome nativo “Campuí cipó de espinho” e deciframos que a
planta é uma nova espécie do gênero Duranta.
Com certeza em nossas matas ainda existem
muitas plantas ainda desconhecidas, esperando para serem descobertas.
Lamentavelmente as plantas tem poucos aliados que a cultivam e as estudam,
por isso se você tem uma chácara, sitio ou fazenda, faço um apelo para que
cultivem as frutas raras do Brasil. Envie um e-mail para mim solicitando a
tabela de mudas disponíveis. Meu e-mail é frutasraras@uol.com.br É muito importante
preservar nossos ecossistemas que mantém jóias raras que podem beneficiar
nossa saúde, alimentação e outras atividades diárias. Só para se ter uma
idéia a Revista Time dos EUA relatou “que somente no ano de 2.006 quase 17
mil espécies de plantas e animais foram descobertas e apenas 1% dos 1,8
milhões de espécies já receberam nome”. Então o projeto colecionando frutas
continuará com esse importante trabalho de resgate das espécies e sua
sustentabilidade! OU |
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