PSIDIUM CANUM

FAMÍLIA DAS MYRTACEAE

 

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Copa e galho sinuoso da planta adulta

Tronco da Arvore adulta

Botões florais e folhas da muda plantada com 2 anos de idade

Frutos maduros – encontrados um pouco passados e caídos no chão

 

NOMENCLATURA E SIGNIFICADO: ARAÇÁ-DE-ANTA vem do tupi guarani e significa “Fruta que tem olhos” por causa das sépalas persistentes como cílios e é de anta pelo fato de as antas apreciarem muito essa espécie de fruta. Também recebe o nome de Araçá do mato, Araçá roxo do mato, Araçá-de-arvore.

 

ORIGEM: Espécie endêmica do Brasil ocorrendo especialmente nas matas de galeria do bioma do cerrado. O site Flora Brasil abaixo indica como ocorrente apenas em Goiás e Distrito Federal, mais eu a encontrei no estado de São Paulo, Brasil, Mais informações no link: http://servicos.jbrj.gov.br/flora/search/Psidium_canum

 

OBSERVAÇÕES: Esse araçá foi encontrado numa gleba de floresta semidecidual natural que ficava no meio do cerrado de campo no município de Itapetininga em rechã. Nos anos 70 a 80 era cerrado de perder de vista com algumas glebas ou manchas de floresta no meio. Em meados dos anos 80 mais de mil alqueires de cerrado foi destruído para plantar eucaliptos, e só algumas glebas de mato ficaram. Na época a lei fraca brasileira não previa a preservação de plantas arbustivas ou rasteiras e muita coisa por aqui acabou, porém a preservação não depende da lei fraca mas sim de pessoas fortes que plantam e preservam ou que correm em busca de espécimes raras que precisam ser preservadas. Encontrei essa espécie em 2016, mais sem frutos, em 2017 encontramos frutos e as mudas que foram formadas estão com 1 metro de altura em 31/12//19 já florescem e iniciam a frutificação e com isso pude identifica-la com exatidão.

 

Características: É uma arvoreta de 4 a 10 m de altura quando na mata, mais quando cultuvada começa a produzir com 2 anos e com 1 metro de altura podendo atingir uns 5 m de altura no pomar em pleno sol. A copa é arredondada, densa e com galhos e ramos sinuosos. O tronco é cilíndrico e retilíneo (reto direito), com ritidoma (casca) lisa, de cor castanho acinzentado, e quando se desprende em placas papiráceas (como tiras de papel) mostra a casca interna que é creme. Os ramos jovens são glabros (sem pelos) e cilíndricos com casca castanho escura. As folhas são simples, opostas, cartáceas (como cartolina), e ovadas, fixada por pecíolo (haste ou suporte) de 1 a 2 cm de comprimento. O limbo (tecido foliar) mede 4 a 8 cm de comprimento por 2,5 a 4 cm de largura. A base é cuneiforme (com forma de cuia) e o ápice é apiculado (ponta curta) e essa espécie pode ser facilmente identificada por se observar a margem revoluta (enrolada para baixo). A flor aberta é branca, fragrante e mede 1,5 cm de diâmetro e formada por cálice (invólucro externo) com 4 a 5 lobos ou recortes de 3 a 4 mm de largura e 2 mm de altura. A corola é formada por 4 ou 5 pétalas brancas e obovadas. O fruto é baga arredondada de 3 a 5 cm de diâmetro com casca vermelha e depos roxa e opaca quando totalmente madura. A polpa é amarelada escura, levemente acidulada, sucosa e envolvendo sementes angulosas de cor creme, com 3 a 5 mm de comprimento.

 

Dicas para cultivo: É de fácil cultivo e se adapta a diversos tipos de clima e solo. Pode ser cultivada desde o nível do mar até 1500 m de altitude, aceitando índices de chuvas que podem variar de 1.200 a 2.500 mm anuais. Essa espécie prefere solos cambissolos (arenosos e ricos em matéria orgânica, planossolos (terras argilosas ou barrentas) e latossolo (terra vermelha ou terra amarelada), que sejam bem drenados, profundos e com boa fertilidade natural e tenham pH variando de 5,0 a 6,2. É resistente a mínimas de até - 4 graus e a 5 ou 6 meses de seca.

 

Mudas: Suas sementes devem ser colhidas de frutos maduros e lavadas em água corrente sobre uma peneira, devendo essas ser secas ao sol por 4 horas. Depois de limpas e secas as sementes podem ser armazenadas por até 1 ano em embalagens escura, mantendo 60% de seu poder germinativo. Normalmente as sementes devem ser semeadas logo após beneficiadas em sementeira ou saquinhos individuais de 17 por 22 cm, contendo substrato feito de 1 parte de terra vermelha, 1 parte composto orgânico bem curtido e 1 parte de areia de rio. Após os ingredientes serem misturados preencha as embalagens e cubra as (2 a 4) sementes com 1 cm de substrato. A irrigação deve ser feita todos os dias e a germinação tem taxa de 70% e ocorre em 40 a 120 dias. Se for semeada em sementeira as mudas devem ser repicadas para embalagens individuais quando estiverem com 10 cm de altura. Após o transplante as mudas devem ficar em local sombreado por 3 meses e ser irrigadas generosamente até o pleno pegamento. As mudas atingem 40 cm de altura com 9 a 10 meses, quando já podem ser plantadas em local definitivo. 

 

Plantando: Pode ser plantada de preferencia em pleno sol, num espaçamento 5 x 5 m. As covas devem ter dimensões de 50 cm nas 3 dimensões e convém misturar 2 pás de areia saibro + 7 pás de matéria orgânica + 100 g de calcário e 200 g de cinzas aos 30 cm de terra da superfície da cova, deixar curtir por 2 meses. A melhor época de plantio é outubro a novembro, e convém irrigar 10 l de água após o plantio e a cada 15 dias se não chover.

 

Cultivando: A planta cresce moderadamente e não necessita de cuidados especiais, apenas deve-se fazer capinas periódicas para que o mato não sufoque a planta. No primeiro ou e segundo ano recomendo tutorear a planta para crescer direita. Fazer apenas podas de formação eliminando os ramos que nascerem na base do tronco e os galhos voltados para baixo ou para o interior da copa. Adubar com composto orgânico, pode ser 2 pás de matéria orgânica bem curtida + 30 g. de N-P-K 10-10-10 distribuídos em círculos à 5 cm de profundidade e distanciados 10 cm do caule, dobrando essa quantidade ano após ano até o quarto ano, depois é só manter a mesma quantia.

 

Usos: Frutifica em fevereiro a abril. Os frutos são saborosos para o consumo in natura apesar de  terem sementes grandes. Com a polpa dos frutos, se podem fabricar doces, geleias e sucos deliciosos (principalmente se batida a polpa com leite). Por ser perenifólia a planta serve muito bem para arborização de praças, estacionamentos e grandes jardins. Essa espécie não pode faltar em pomares de colecionadores de frutas raras e em projetos de reflorestamentos, pois a planta produz frutos consumidos por antas, catetos ou porco do mato, macacos, cachorro do mato, pacas, quatis e algumas espécies de pássaros.

 

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