PLINIA ANONYMA

(antes era MYRCIARIA)

 

FAMILIA DAS MYRTÁCEAE

 

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ARVORE

GALHOS, FRUTOS VERDES E FLORES

FOLHAS MADURAS

FOLHAS JOVENS

FRUTOS MADUROS

FRUTOS, POLPA E SEMENTES


NOMENCLATURA E SIGNIFICADO: QUAMUQUÁ (nome encontrado numa antiga exsicata de herbário desta espécie depositada no jardim botânico do Rio de Janeiro. Com certeza é uma corruptela ou pronúncia antiga de cambucá que quer dizer “Fruta de mamar”! Também chamada de Jabuticaba rara, Jabuticaba anônima ou Jabuticaba do Rio de Janeiro!

 

ORIGEM: Espécie endêmica, rara e muito ocasional na natureza, onde aparece somente em encostas de morros férteis e sempre próximos a pequenos riachos. Essa espécie só ocorre no Rio de Janeiro somente na serra dos Órgãos, (em São Paulo ocorre alguns registros da espécie no Parque Santo Dias) Brasil. Mais informações no link:

http://servicos.jbrj.gov.br/flora/search/Plinia_anonyma

 

OBSERVAÇÕES e HISTÓRIA: Espécie com nomenclatura cientifica muito confusa e desconhecida no passado por ser “anônima” ou desconhecida e escondida por ser muito rara. Antes era chamada de Myrciaria plicato-costata O.Berg ou Plinia plicatocostata (O.Berg) Amshoff. Eu consegui 2 mudas dessa espécie com um amigo colecionador do Rio de Janeiro Mauro Duque Estrada de São Gonçalo, que hoje descansa no sono da morte aguardando a ressureição! Esse amigo Mauro conseguiu coletar alguns frutos de um único e raro exemplar que existia no Jardim botânico do Rio de Janeiro no canteiro 9D; eu plantei 2 mudas aqui no sitio frutas raras em 2004 e só em 2018 que a rara planta deu as primeiras frutas, depois disso ficou 2 anos sem produzir e depois de bons cuidados de cultivo com ela, em 2020 tive uma ótima frutificação da qual está amostrada nas fotos acima. Em 2006 ou 2007 o único exemplar cultivado no jardim botânico do Rio de Janeiro morreu... felizmente deixou alguns descendentes que estão frutificando e a partir de agora 2022 tenho mudas disponíveis. Tem ano que essa espécie produz pouco ou nem produz, a cada 2 anos tenho uma produção razoável por isso nem sempre tenho mudas dessa raridade! E já aviso aqui que a mesma não casa e não pega enxerto ou alporquia que já foi feito por pessoas experientes nesta técnica.   

 

Características: Arvore de crescimento bem lento, atinge 3 m de altura com 14 ou 15 anos. A copa cônica e piramidal bem densa com ramagem vertical com 1 a 2,5 m de largura. As brotações e folhas jovens e raminhos são sericeos pubescentes (cobertos de lanugem). O tronco bifurcado e bem ramificado com casca lisa papirácea (como papel) com pouco desprendimento, de cor castanho pálido a esbranquiçado. As folhas são dispostas aos pares, maiores nos ramos na base da copa e na margem da copa e menores no interior e no ápice da copa. As folhas tem consistência cartácea, são lanceoladas (com forma de lança), acuminadas (com ponta longa), de coloração verde prateada na brotação e com cor verde pálido quando mais velha; medindo 5 a 9 cm de comprimento por 1,2 a 2,8 cm de largura. As flores aparecem sobre os troncos secundários com grossura média de 3 a 7 cm de diâmetro em pequenos aglomerados com 2 a 15 flores sobre pedúnculos (cabinhos) de 0,6 a 1,9 cm de comprimento (ver fotos). As bagas (fruto com varias sementes) medem 1,5 a 2,7 cm de diâmetro, são esféricas, tem casca grossa com 3 a 4 mm de espessura e abriga uma polpa gelatinosa, branca, adocicada que envolve 1 ou 2 sementes, arredondadas ou oblongas (mais longa que larga) com 0,8 a 1,1 cm de diâmetro e 0,3 cm de altura de cor violeta. Floresce nos meses de dezembro a janeiro e os frutos amadurecem em janeiro e fevereiro.

 

Dicas para cultivo: Aprecia climas subtropicais com temperatura entre 12 a 36 graus, com índice de chuvas variando de 950 a 1.700 mm anuais, com período seco bem definido durante os meses de abril a agosto. Quanto ao solo, aprecia os bem profundos, ricos em matéria orgânica com terra ou substrato do tipo argiloso o latossolos vermelhos ou roxos com com pH entre 4,8 a 5,6. Essa espécie é resistente a longos períodos de estiagem e também suporta geadas de até – 3 graus negativos. Pode ser cultivada na sombra onde raramente frutifica ou em pleno sol, onde frutifica melhor. Essa espécie demora de 10 a 16 anos para frutificar e não produz regularmente todos os anos e sua produção é pequena em comparação com outras jabuticabeiras mais comuns; por isso é tão rara na natureza. Pela minha experiência os filhos ou mudas de minhas plantas já estão domesticados e vão ter um crescimento e produção melhor!

 

Mudas: As sementes são arredondas, planas nos polos, recalcitrantes (perdem o poder germinativo se forem secadas) e germinam em 60 a 90 dias. Convém plantar 2 sementes diretamente em sacos individuais contendo substrato feito de 40% de terra vermelha, 40% de matéria orgânica e 20% de areia branca de rio. As mudas devem ser formadas em local com 50% de sombreamento e receber irrigação somente quando o substrato estiver quase seco. As mudas atingem 30 cm com 14 a 20 meses de idade.

 

Plantando: O plantio definitivo das mudas deve ser em covas de 50 x 50 x 50 cm, preparadas com 2 meses de antecedência, misturando aos 30 cm iniciais 6 pás de esterco bem curtido, 100 gramas de farinha de ossos, 200 g de cinza de madeira, misturando tudo muito bem. Plantar num espaçamento de 5 x 5 m e se o local tiver sol muito quente convém fazer uma cobertura para proteger a muda no primeiro ano. A melhor época de plantio é outubro a novembro, convém irrigar 10 l de água após o plantio e a cada semana se não chover.

 

Cultivando: A planta cresce lentamente e não necessita de cuidados especiais, apenas deve-se cobrir a superfície com pó de cerra e eliminar qualquer erva daninha que possa sufocar a planta. Adubar com 2 pás de composto orgânico feito de esterco de galinha + 50% de folhas, curtido e 40 gramas de NPK 10-10-10 a partir do 3 ano após o plantio. Distribuir os nutrientes à 5 cm  de profundidade e em torno do caule, sempre no inicio do mês de outubro.

 

Usos: Frutifica nos meses de Janeiro e Fevereiro. Os frutos são consumidos in natura e são muito saborosos apesar de ter casca grossa, seu sabor é único e diferente da jabuticaba comum ou do cambucá. Os frutos podem ser despolpados e usados para fazer sucos, geleias, licores, sorvetes, vinhos. A arvore pode ser cultivada como ornamental e recomendo que seja plantada em projetos de recomposição vegetal, pois seus frutos alimentam a avifauna em geral. As flores são produtoras de néctar e pólen para as abelhas. É uma espécie que corre o perigo de extinção na natureza e por isso é importante cultivar essa raridade em qualquer tipo de coleção da nossa flora!

 

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