DIOCLEA EDULIS

FAMÍLIA DAS FABACEAE

 

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SEMENTES OU AMENDOAS FRSCAS E LIMPAS 

FLORES

FRUTO NA PLANTA

FRUTOS MADUROS

SEMENTES COZIDAS

 

NOMENCLATURA E SIGNIFICADO: CAMANDAIBA-CIPÓ do tupí YA – semente, MANDA –cozinhar, ou assar, IBA – fruta ou fruto, CIPÓ – trepadeira; de modo que a etimologia fica “Cipó que dá fruto com semente que se come cozida”. Também recebe o nome de AMENDOA DE CIPÓ, CIPÓ DE IMBIRÍ, MUCUNA AÇÚ, OU COROANHA.

 

OBSERVAÇÕES: Espécie que já conhecíamos por muito tempo, porém não divulguei até agora por não ter conseguido a identificação botânica exata. Agora que conseguimos identificar a espécie como Dioclea edulis, divulgamos com prazer esse fabuloso e nutritivo alimento de nossas florestas. Em nossas expedições sempre encontramos vagens no chão com vestígios de sementes consumidas por macacos, quatis, pacas, catetos ou cutias. Essa é uma planta rara e pouco estudada e fica aqui o registro da nova ocorrência da espécie na “floresta semidecidual e matas ciliares dos rios Paranapanema e Guarei” no estado de São Paulo, Brasil.

 

ORIGEM: É uma espécie rara, e até o presente momento a sua ocorrência estava registrada apenas para o sul do estado da Bahia e Norte do Espirito Santo; mais ela ocorre também no estado de São Paulo, Brasil. Mais informações no link: http://servicos.jbrj.gov.br/flora/search/Dioclea_edulis

 

CARACTERISTICAS: É uma liana volúvel (que se enrola) e lenhosa, perene com ramagem que se enrola em outras plantas, atingindo a copa das arvores mais altas. O tronco é cilíndrico e volumoso, com casca fina e coloração castanho-acinzentado. Os ramos novos e folhas são densamente pilosos (com pelos longos esbranquiçados). As folhas são compostas de 3 folíolos largo ovados, de textura cartácea como cartolina) com base e ápice obtusos ou arredondados, densamente pubescente (coberto de pelos curtos) na faze juvenil, tornando-se glabros (sem pelos) na faze adulta. As folhas são caducas, ou seja, caem no inverno, e tem as seguintes medidas: 6 a 10 cm de comprimento por 4,5 a 7 cm de largura, sob pecíolo (haste ou suporte) piloso com 5 a 15 cm de comprimento, tendo como característica a sua base e ápice mais espesso ou grosso. As flores nascem nas axilas das folhas em racemos simples e eretos, medindo 7 a 16 cm, e contento de 8 a 24 flores papilionoides (com formato de borboleta) e coloração branco azulada. A flor mede 2 a 3 cm quando aberta e é muito bonita. Os frutos são cápsulas do tipo vagem indeiscente (que não se abre naturalmente), medindo 6 a 20 cm de comprimento por 4 a 5,5 cm de largura, adquirindo coloração amarelo creme quando maduro, tento a superfície pilosa. No meio da vagem há um friso (como se  fosse um zíper) que facilita a abertura e dentro existem de 2 a 8 sementes recoberta com fina camada de arilo branco  semelhante a um ingá. As sementes são grandes, e medem 4 a 5 cm de altura por 1,2 a 2,7 cm de altura.

 

DICAS DE CULTIVO: Trepadeira de crescimento rápido e vigoroso que resiste a temperaturas de até -3 graus negativos, sendo também muito resistente a seca de até 8 meses sem chuva. Vegeta bem se cultivada desde o nível do mar até mais 1.000 m acima de altitude. Aprecia diversos tipos de solos, desde que seja profundo, úmido, acido ou neutro (pH de 4,7 a 6,3) com constituição arenosa ou argilosa (solo vermelho). Uma única planta produz abundantemente, pois suas flores são hermafroditas. As plantas iniciam a frutificação no 2ª ou 3ª ano após o plantio, dependendo das condições do solo.

Por ser uma espécie trepadeira, é necessário construir parreiras utilizando seis mourões ou poste de concreto que tenham 2,20 m de comprimento. Os mesmos serão fincados numa distância de 2 a 3 m de largura entre filas e 2 m entre mourões. As covas feitas para se fincar os mourões devem ter 60 cm de profundidade de modo que sobre 1,60 na altura. Na cabeça dos mourões devem ser fixados caibros que devem ser parafusados ou prensados com braçadeiras e parafusos. Os caibros devem ser furados para se passar e amarrar os arames principais em paralelo. Em seguida trançar sobre esses uma malha passando arames nº 18 a 40 cm de distância no sentido do comprimento e largura, dando uma volta ao cruzarem entre si ficando pronta a estrutura de sustentação dos galhos trepadores.

 

Mudas: As sementes são grandes, redondas com casca castanha e fina, com um friso ou cicatriz embrionária lateral, terminando no centro de uma das extremidades da semente, local de onde acontecerá a emergência da raiz e plântula. As sementes germinam rapidamente e por isso recomendo semear 1 semente por saco que contenham qualquer tipo de substrato arenoso e rico em matéria orgânica, poroso, deixado em ambiente sombreado. A germinação ocorre em 10 a 20 dias e é bom fincar uma estaca de bambu de mais ou menos 1 m para amarrar o cipó. As mudas crescem rapidamente, e após 40 dias já atingem 1 metro de altura, ocasião em que já pode ser plantada no lugar definitivo. As sementes também podem ser plantadas direto no local definitivo.

 

Plantando: Pode ser plantada a pleno sol ou na sombra em parreiras, ou para que subam sobre o tronco e copa das arvores e nesta situação demora mais para frutificar. Se escolher plantar para subir em arvores, deve-se escolher arvores grandes, fortes e longevas, pois o cipó e muito vigoroso, pesado e perene, crescendo sempre. Espaçamento entre plantas na parreira 4 x 4 m, na mata, uma planta a cada 20 metros. As covas para plantio devem ter 50 cm de largura, altura e profundidade, sendo preparada com 2 meses de antecedência. Reserve os 30 cm de solo iniciais e misture neste  300g de calcário e 1 kg de cinzas e 6 a 8 pás de matéria orgânica bem curtida. Após o plantio irrigar a cada quinze dias nos primeiros 3 meses se faltar água. Ao cultivar essa espécie na parreira, a planta pode ser podada no inverno, eliminando o excesso de ramos que estiverem muito adensados uns sobre outros ou muito enrolados.

 

Cultivando: Fazer apenas podas de formação e eliminar os brotos que nascerem na base do caule, manejando os ramos num tutor e continuar amarrando os ramos na parreira para não caírem. Depois de a planta ficar grande, deve-se fazer poda após a frutificação e eliminar o excesso de ramos formados. Adubar com composto orgânico, pode ser 2 a 3 pás de cama de frango bem curtido + 30 gr de N-P-K 10-10-10 nos meses de novembro e dezembro, distribuído-os em coroas de 20 cm de largura, e 5 cm de profundidade, feitos à 30 cm do caule. Manter cobertura morta por volta do pé para manter a umidade.

 

Usos: Frutifica nos meses de dezembro a janeiro. Os frutos devem ser colhidos assim que estiverem amarelados ou recolhidos assim que caírem no chão. Devem ser aberto manualmente, e o arilo que envolve as sementes podem ser consumidos in natura e tem sabor semelhante ao ingá. As sementes devem ser limpas do arilo e secas ao sol por durante 1 dia. Após isso podem ser armazenadas ou utilizadas para consumo. AS SEMENTES NÃO PODEM SER CONSUMIDAS FRESCAS. Antes de consumir as sementes devem ser fervidas na agua por 15 a 20 minutos ou assadas no forno por 10 a 15 minutos. As sementes cozidas ficam com sabor que lembra a batata-doce e pinhão; já as sementes assadas adquirem textura e sabor de coco. As sementes assadas podem ser trituradas e transformadas em farinha para diversos usos culinários como tortas, bolos, bolachas e pães. As sementes são ricas proteínas, minerais e vitaminas. A planta também pode ser cultivada como ornamental por causa dos cachos de flores azuladas. Também recomento o plantio da espécie em áreas reflorestadas visando fornecer alimento para a fauna silvestre.

 

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